RUÍDOS ME INVADEM

Por Adriana Teixeira Simoni

Conversas do além

Contrariam expectativas,

Ora fluem ora relativas.

Fazem acreditar na possibilidade

Naquela utilidade na minha infantilidade.

E cresce absurda a cidade

Monumentos espigados,

Preservados , aconchegados.

Tem gente que não acha

brincadeira de esconde esconde.

A descoberta aflora na brecha

Daquele choro ali no olhar distraído

Cheio de ruído clamando um aceno.

Ahh! Na beleza do prédio!

Tem sempre uma trinca exposta

Todavia escondida , na massa plástica.

Viro celebridade na mesma velocidade

Que o medo vai e volta.

Estranho, relativo, culpado, reativo

Nada é tão barulhento

Quanto a própria voz , oração e amuleto

Me aquieta saber que é apenas ruído

E posso com ele dormir em paz.

MÁQUINAS DA VIDA

Por Adriana Teixeira Simoni

Um torno torneia

Entorno de algo inteiro.

Transforma um desenho

Garante um empenho.

Na vida me torno

Algo que alguém

Mesmo refém

De ditaduras ou modismos

Insistem em moldar;

Sem permissão, sem desejo

Sem meus próprios mimos.

Aquela que distraída vem,

Se quiser sabe conduzir

A faca que descarna o metal.

Que recorta afina e reafirma

Que a vida dá voltas

Pra que a forma se defina.

Chega aquela hora

Que elevo o olhar

A contemplar o resultado.

Nem era o esperado

Mas, orgulhosa me realizo

Foi tudo bem torneado.

Dentro da "milionária contribuição

De todos os erros".

NÃO VÁ ACHAR...

Por Adriana Teixeira Simoni

Por vezes me sinto

Sinto feliz, Alegre, divertida

Entao sou eu, rindo de mim

Outras me sinto oprimida

Constrita num artéria sem saída

Minhas iniciativas , meu peito aberto

Circula por caminhos restritos

De uma ala insensível

Que eu não deveria circular

Ou na verdade deixo a desejar

Sei lá...

Se escrevo me meto onde não devo

Sem ter a licença ou a formação

E pior, eu sempre quieta chego

Vou dar uma de louca

Não vou mais me achar.

No século da auto estima

Do Segredo é seguir o segredo

Kkkk eu preciso me "achar"

Redes sociais são pra aparecer

Caso contrário...deprimiria em casa

Sei que é difícil..sou complexa

Tudo parece , mas nada é

Ah! Tudo muito divertido

Só se incomoda

Quem veio na carta invertida

No tarô, deu ruim

Fui!

NÃO TENHO ONDE IR

Por Adriana Teixeira Simoni

Já ando sem rumo

Saio pela sala , não pela porta

Ando até o quarto e me arrumo

Mesmo bela , assumo

Meu ouvido me entrega

Minhas caretas denunciam

Eu tento disfarçar

O original tem vida própria

Ahhh deixo fluir a dor

É da alma, tem prioridade

Me deixo ir pela idade

Essa maldita máscara

Vem agora mudar identidade

Não atoa ,porém de cara

Apaga todo meu Sorriso

Mantenho ele interno mas, não troca

Isso só, pra manter eu e você vivo.

No meu rumo

por Adriana Teixeira Simoni

Um caminho sempre tem volta

Para isso solto a brida

E logo estou nova e gerida

Dando um novo contorno

Pra aquela criança exaurida

Que por aí deixei ...

Embarco feliz a viajar

O percurso deixo variar

Rumo aqui , ali , acolá

Sempre se chega lá

No venha o que vier

Qualquer coisa a gente

Sabe

Que sempre vai se encontrar

Adriana Teixeira Simoni

O SILÊNCIO FALA

Diz entre olhares

Comenta de longe

Talvez porque julga-se melhor

Ou por cuidado ou rebeldia

Tenta disfarçar ...

O silêncio cala também

Uma discussão ou provocação

Mas nunca se distraia ou

Caia no silêncio sem razão

Você perde o tempo e a emoção

Do romper com grande vazão

Um Bem querer ou afeição

Ao interpretar um silêncio

Podemos crucificar

Julgar ou nos calar

Um alguém silenciado

Por desprezo ou resultado

Gera o eco do silêncio

E nem um nem outro

ouve-se mais e, assim...

Vence o silêncio , a disputa.