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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Rapa de Arroz

Adriana Teixeira Simoni

Tem algo mais gostoso que ser reconhecido na rua?  Mais emocionante que apaixonar-se? Mais satisfatório que ver algo feito, inventado, escrito, desenvolvido por você sendo valorizado  por outras pessoas  ou meios ? Tem algo mais divertido que receber uma lambida de seu animal de estimação?  Há.... tem algo mais realizador que ser elogiado por seus pais quando ainda criança de alguma besteirinha , gracinha que fez? Ou ainda ser reconhecido publicamente por um  feito seu, na escola,  no trabalho ou na vida social? Existem momentos mais impactantes do que perceber que a vida é uma construção e que você muda a disposição das peças no projeto quantas vezes quiser. ? (“peças” na minha terra Rio Grande o  Sul, são os cômodos da casa) A vida é composta de várias peças e que nós temos livre arbítrio para dispô-las comodamente conforme nossos momentos requerem. (essa percepção às vezes demora) Porém  são sempre uma infinidade de momentos. Mas, ainda assim será possível  que viver  não valha a pena?
Há... eu queria ter três ou quatro vidas, todas se aproximando dos 100 anos pois assim quem sabe teria tempo de responder a tantas perguntas , e encontraria uma resposta diferente , pois na vida tudo é capaz de desenvolver sensações, e cada uma delas , mesmo que no momento “x” tenha desenvolvido sentimentos nem tão valorizados ou agradáveis, ainda assim, terá sido uma sensação que trará ao menos a tal: famosa,  a estrela ,  a  tal  “experiência”.
A experiência acumulada a cada dia de nossa vida será  sempre a nossa companhia fiel , falo da experiência adquirida com a vida, mas não essa tão requerida profissionalmente . A verdadeira  experiência é   ter sentido o cheiro de uma flor tal e reconhecê-lo ao longe, lembrar o sabor de um bolo só em pensamento  , reconhecer  o perfume de alguém que passa, a  saudade de um fazer, as emoções de uma paquera, lembrar a suavidade de uma voz num canto qualquer, de uma conversa interessante, de um olhar furtivo num desconhecido, a grata satisfação de um beijo meio roubado, a lembrança de um relacionamento jamais esquecido, o reconhecer de  um saber, o ganho na arte de seduzir, o prazer de conseguir orientar um desorientado para que esse também se encontre na vida, o sabor de conscientizar  outros sobre qualquer coisa,  são tantas experiências...
Experiências são incalculáveis são mais que lembranças apenas,  são registros jamais perdidos,  são fotografias da alma....
Há...como eu gosto da rapa de arroz que só  faz  no arroz feito pela minha mãe....

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A cronica de uma superação

HARPIAS E PÁGINAS EM BRANCO

Adriana Teixeira Simoni
Hoje,  o tempo me permitiu  concentrar-me  num dos  textos propostos no fórum , que vai justamente neste caso ,  discutir a angustia da página em branco, a angustia de não conseguir idéias contextualizadas para preencher uma página na composição de um  texto.
 Essa angústia, que  confesso , muitas vezes me acompanha já não tão angustiante quanto os gritos incessantes das harpias  citadas por Dante Alighieri, porém ainda os ouço,   ora distantes ora tão próximos.  que por mais que dedilhe letras no teclado já endurecido pelo uso e pelos constantes farelos de lanchinhos caídos intercalados com   uma  espiada ou outra nas minhas redes  sociais,  as palavras não desgrudam de minhas mãos. pois os gritos estão tão próximos que não consigo ouvir meu  próprio pensamento com as idéias que deveriam cair sobre essa página em branco.
 Quando ao longe se vão as harpias, já posso flutuar sobre o teclado com toques  de eximia datilógrafa  apesar de nunca ter sido, mas as idéias aparecem  e vou colocando palavra após palavra e não é que depois, quando vou fazer a primeira revisão , percebo que se eu não tivesse escrito  aquele texto ,  eu  o escreveria.
 Essa superação da “floresta das harpias” eu posso ecoar a todos aqui que foi vencida primeiramente pela necessidade imposta pelo meio acadêmico que iniciei tardiamente, mas antes tarde do que nunca, pois entre inúmeras atividades complementares possíveis de fazer, elegi como primeira ter um texto publicado, e para tanto o fiz sobre o assunto que eu melhor discorria, enviando-o para o melhor Jornal de  minha cidade publicar. E não imaginam  tamanha alegria que se apossou de mim, no dia em que vi exposto meu nome bem acima do texto naquele papel jornal onde figuravam tantas outras informações  porém , eu naquele jubilado momento só conseguia ver meu nome figurando como autora. Se existe um portal para atravessar  talvez tenha sido esse o meu.
Em segundo momento,  descobri que escrever era uma forma de expressão que eu  ainda não havia utilizado , como em épocas escolares  iniciais sempre fui perseguida  por dificuldades nessa disciplina o que sempre me impôs uma certa resistência a me expor desta forma  e sendo assim,  deixava que  os uivos insanos das harpias na floresta angustiante  da página em branco me atormentassem ao ponto de não expressar-me nem escrevendo e muito menos proferindo qualquer opinião,  pois a timidez me consumia em suores e tremores e mais oprimida me sentia quando um colega levantava a mão e falava justamente o que eu pensava àquele respeito e ganhava as  honras sobre o feito, e eu, apenas mais uma cicatriz guardaria por não conseguir me expressar mais uma vez.
Hoje atravessado esse portal, falo e expresso minhas idéias,  muitas   vezes até sinto o rubor de minha face,  porém atiro-me um jarro de gelo seguindo em frente e logo percebo que o texto  parecia bom,  depois achei ruim, muitos gostaram e debateram, que bom! Mas eu também sei que muitos não gostaram, mas aí,  me lembro também,  que  não gosto de muita coisa que leio   é assim que  gira o mundo dos que superam as Harpias  na floresta angustiante da página em branco.